quarta-feira, 2 de julho de 2008

Eu, a Lili e o Mário


Profissões

No ultimo fim de semana fui mostrar alguns textos meus para o Mário quando a Lili chegou da escola e me perguntou:
- Tia, o que a senhora queria ser “quando crescer”?
Eu achei engraçada a construção da frase, mas como entendi a pergunta, respondi:
-Nossa, Lili, eu queria ser tanta coisa... por que?
-Tô fazendo uma pesquisa para a escola, tia.
-Sobre o que, Lili?
- É para o dia da criança, tia.
- Mas num ta meio longe, não?
- É que é um trabalho bem grande, tia.
- Há, ta, sobre o que exatamente você quer falar?
- Sobre o que as crianças querem ser quando crescerem.
- Hum, e o que você quer ser quando crescer, Lili?
- Cantora, doutora ou escritora.
- Por que, Lili?
-Porque rima, tia.
Sorrimos os três e então o Mário completou:
-Artista não rima mas também daria muito certo!
Eu resolvi dar corda àquele assunto só pra ver até onde ela iria.
- Ta, Lili, cantora de que?
- De música tia.
- Ta, de que tipo de música, menina?
- Todas as músicas, tia.
Como eu definitivamente não achei aquela uma boa idéia, resolvi botar defeito:
- Mas cantora só canta as mesmas musicas, Lili, é muito chato ouvi a mesma música “um milhão de quinhentas e vinte e dez vezes”.
-Verdade tia. Então vou ser doutora.
- Doutora de que, Lili?
- De gente, tia.
- Médica, né?
- É
- Muito bom, vai ter que estudar muito pra ficar cuidando de gente doente nos hospitais, fazendo curativos, passando remédios...
- Mas você fica muito dengosa quando está doente e ainda tem medo de sangue. Como é que você vai cuidar dos doentes que se machucarem? - Perguntou o Mário.
- Não, não quero ficar cuidando de doente, não.
- Então como vai ser doutora?
- Posso ser doutora de bicho, então. A Maria quer ser veterinária pra ficar o tempo todo com rodeada de animais.
- Então é dona de Pet shop, Lili. Veterinário cuida de animais doentes, dá vacina, banho...
- Ainda assim é bom, o pai da senhora é veterinário, né tia?
- Bom, é, mas ele agora dá aulas.
-Então é professor, tia.
-É, ele é professor dos outros veterinários.
- E ele gosta muito de bicho tia?
- Bom, ele tem um canário e...
-Tia, por que a senhora quis ser jornalista?
Eu sinceramente pensei em dizer que era pra ver se encontrava um Clark Kent na redação, mas achei que ainda não era o momento. Então me ative a responder:
- Acho que porque eu gostava muito de perguntar, Lili, assim, que nem você.
- Eu pergunto muito, tia? Será que eu vou ser jornalista?
Pensei, pensei, lembrei do piso salarial, das reclamações, mas daí lembrei dos amigos, das reportagens, da primeira manchete, dos jornais de assessoria, dos programas de rádio... e daí, ela puxou a minha mão e continuou perguntando:
- Hem, tia, mas a senhora sempre quis ser jornalista?
- Não, quando eu era da sua idade eu também queria ser veterinária ou então professora.
- Igual a seu pai, né tia!
Eu nunca tinha me tocado disso, mas era exatamente o que eu queria ser quando crescesse: Igual ao meu pai. Como a historia tava ficando muito filosófica pro meu gosto, resolvi fazer uma brincadeirinha pra descontrair e tornar aquela conversa mais lúdica:
-Eu quis ser bailarina, Lili. Você não quer ser bailarina?
- Alôooo, Eu já tou bailarinha, tia!
O Mário sorriu e confirmou:
- É verdade, ela faz balé desde bem pequena e já se apresentou várias vezes no teatro, você foi a todas, não lembra???
Era verdade, Lili fazia balé desde os seis anos...De fato, era bailarina. Mas não me dei por vencida e insisti:
-E astronauta, Lili, você nunca pensou em ser astronauta pra ir morar na lua???
- Não, tia, eu não gosto de queijo!
E saiu recitando:

“La vai a lua saindo,
redondinha como queijo,
se qualhar, eu como!”.

Cecília Meireles me que perdoe mas
“essa menina tão pequenina, não será bailarina”,
nem doutora, nem cantora,
acho que essa menina chatinha e birrenta
vai ser mesmo é escritora.

A Bailarina
Lucinha Lins
Composição: Mutinho / Toquinho

Um, dois três e quatro
Dobro a perna e dou um salto
Viro e me viro ao revés
e se eu cair conto até dez
Depois essa lenga-lenga toda recomeça
puxa-vida, ora essa
vivo na ponta dos pés
Um, dois três e quatro
Dobro a perna e dou um salto
Viro e me viro ao revés
e se eu cair conto até dez
Depois essa lenga-lenga toda recome
çapuxa-vida, ora essa!
vivo na ponta dos pés
Quando sou criança
viro o orgulho da família
giro em meia-ponta
sobre minha sapatilha
Quando sou brinquedo
me dão corda sem parar
se a corda não acaba
eu não paro de dançar.
Sem querer esnobar
sei bem fazer um gran de car
E pra um bom salto acontecer
Me abaixo num demi plier
Sinto de repente
uma sensação de orgulhos
e ao contrário de um mergulho
pulo no ar um gran geté
Quando estou no palco
entre luzes a brilhar
eu me sinto um pássaro
a voar, voar, voar
Toda Bailarin
apela vida vai levar
sua doce sina
de dançar, dançar, dançar

2 comentários:

  1. Pois é, eu também pensei q queria ser professora, até ser e descobrir que não tinha a paciência requerida para a profissão...

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  2. Eu sempre quis ser jornalista, sabe? Mas daí a encontrar o Clark Kent tá meio difícil, né não? rsrs. Me "conformava" com o William Bonner, na boa... rsrs. Bjs!

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