Niver da Lili

Há dias não pensava nela até que recebi aquele e-mail tão engraçado, que dizia “Tia, num ta esquecendo de nada, não? Já já é meu niver e vc precisa arrumar a festa! Bjks LILI” Há,Lili, minha amiguinha tão querida!.
Ela tinha razão, eram tantos problemas que eu havia esquecido completamente que já era outubro.
Adoro organizar as festas da Lili. Todo ano uma coisa nova, uma brincadeira, um passeio... Uma vez ela convidou algumas amigas pra irem passar o dia com ela ajudando a arrumar a casa para a festa. Ela queria uma arrumação bem especial, somente para meninas...
Perguntei no dia anterior já para me organizar:
- Quantas amigas virão, Lili
- Quatro, tia. Kaka, Keke, Kiki...
- Já sei, e koko, né Lili?
- Não tia, e Betinha! sorriu ela.
-Claro, como poderia esquecer a Betinha, a vizinha e amiguinha querida da Lili.
No dia especial, a primeira ação da aniversariante foi colocar o pobre Mário pra fora.
-E só volte a noite, viu. Disse ela deixando o dono da casa sem ter para onde ir.
Trocamos de posto. Eu fui pra casa dele e ele pra minha.
As meninas chegaram logo depois das 10 horas. Pela manha, tomaram banho de mangueira e lavaram a garagem com direito a água, sabão e muita, mais muita espuma pra escorregar. A brincadeira teria ido mais longe se Betinha, que era a menorzinha não tivesse caído e machucado a boca. Nada sério!

Depois do almoço as meninas botaram a mão na massa me ajudando a enrolar brigadeiros, cajuzinhos, maçanzinhas, carinhas de boneca... Lili, Kaka, Keke e Kiki enrolavam os doces enquanto Betinha enfeitava os confeitos e os colocava nas caixinhas.

É bem verdade que as meninas mais comeram que enrolaram, mas só pela folia, a festa já teria valido a pena. Se não isso, teria sido divertido ouvir as lamentações das “moças” que conversavam enquanto labutavam com as mãozinhas grudentas..

Em seguida, enchemos balões de cores rosas e branco e vermelho, como orientou a aniversariante. Betinha, que não tinha fôlego para enchê-los, segurou as linhas e ficou responsável por não deixar os balões misturarem.

Ás cinco horas Mário voltou com as cadeiras, o bolo, refrigerante e muitos docinhos (sim, eu os tinha feito antes em casa), e as meninas foram então se prepara para a festa.

Foi um fuá: vestido pra lá, pente pra cá, maquiagem de uma, sapato de outro e laços, muitos laços... nunca tinha dado tantos laços numa só noite.
Ficaram todas lindas, mas meninas! Verdadeiras bonecas falantes .. e reclamantes...

Os outros convidados foram chegando aos poucos até a que finalmente a aniversariante e suas damas de honra chegaram ao salão, que a esta altura ja estava todo enfeitado. Todos se divertiram e as meninas ficaram orgulhosas do trabalho que fizeram.

Lili ganhou bonecas, ursinhos, joguinhos, uma cozinha cor-de- rosa, uns CD´s, livros, perfumes, bolsas, batons, sapatos e roupinhas. Beijou e agradeceu sorridente a cada um deles. Ao fim da noite perguntei, por curiosidade de qual ela tinha gostado mais, ao que ela respondeu:
- De todos igual, Tia.
- Mas você ganhou o que queria, Lili.
- Não Tia. Respondeu ela entristecida.
- E o que você tinha pedido, meu anjo?
- O de sempre, Tia. Eu queria um cachorrinho!
Fiquei sem ter o que dizer...

Lili, quem sabe um dia...

PS:
Quando recebi o e-mail da Lili, enviei um ao Mário perguntando sobre a possibilidade de darmos à Lili um cãozinho. Ao que ele respondeu:


“Querida:

Essa menina já teve um peixe, um coelho, um pintinho, uma tartaruga, um passarinho... e morreram todos!
Gostaria de lembrá-la ainda que atualmente tenho um gato, para o qual ela não dá a menor bola!
Envio algumas fotos que comprovam a minha teoria:

Atenciosamente

Mário”

Ao que respondi:

“Meu amigo,

acometido do mal que acerca todos os homens, acho que voçê ainda não entendeu:

Ela não queria, um peixe, um coelho, um pintinho, uma tartaruga, um passarinho e muito menos um gato...
Ela queria um cachorro!!!

e mais:

Instistentemente
EU"