quinta-feira, 1 de maio de 2008

Sábios Conselhos de Meu amigo

Da Eterna Procura - Mário Quintana
Só o desejo inquieto,que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada ...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada.


Há algumas semana eu, muito amargurada com o fim de mais um relacionamento que nasceu fadado ao fracasso, resolvi fazer a terapia das compras, mais qual a minha sorte que mal botei os pés no shopping dei de cara com o meu tão querido amigo Mário.

- Querido, o que faz aqui? E aonde anda a minha amiguinha Lili??

Tomamos um belo sorvete enquanto eu descarregava as minhas repetidas lamúrias. Sempre tão iguais, que me senti envergonhada.

- Desculpa-me, querido, por fazer de seu ouvido um penico com minha bobagens enquanto tantas pessoas sofrem com problemas reais no mundo...
Ao que ele me respondeu docemente:

Dos Nossos Males

A nós nos bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais


Agradeci o carinho e então continuei a desabafar sobre como me senti ultrajada pelo fato de meu ex- relacionamento ter se valido das desgraças de toda uma vida para mostrar o quanto ele era um pobre coitado... Ao que ele disse:

Do Pranto

Não tente consolar o desgraçado
Que chora amargamente a sorte má.
Se o tirares por fim do seu estado,
Que outra consolação lhe restará

Eu ainda lamentava por todos os sonhos e planos agora desfeitos quando ele deu um sorriso bem gostoso, me deu um beijo estalado na testa e me disse, olhando nos meus olhos:


Das Ilusões

Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!,



E, por fim, me deu este conselho:


Da Realidade
O sumo bem só no ideal perdura...
Ah! Quanta vez a vida nos revela
Que "a saudade da amada criatura"
É bem melhor do que a presença dela...

Nada mais precisou ser dito sobre este assunto então, pelo resto da noite falamos sobre gatos e sapatos. Afina, como eu ja tinha aprendido com o Mário:
O Trágico Dilema

Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer,
é porque um dos dois é burro.



Soneto Póstumo


— Boa tarde... — Boa tarde! - E a doce amiga
E eu, de novo, lado a lado, vamos.
Mas há um não sei quê, que nos intriga:
Parece que um ao outro procuramos...

E, por piedade ou gratidão, tentamos
Representar de novo a história antiga.
Mas vem-me a idéia... nem sei como a diga...
Que fomos outros que nos encontramos!

Não há remédio: é separar-nos, pois.
E as nossas mãos amigas se estenderam:
— Até breve! — Até breve! - E, com espanto

Ficamos a pensar nos outros dois.
Aqueles dois que há tanto já morreram...
E que, um dia, se quiseram tanto!


Mário Quintana








3 comentários:

  1. Sirsi... acho que devemos, as duas casar, vc com seu amigo Mário e eu com o vinícius! Definitivamente somos almas gêmeas nós quatro!

    Pôxa, só agora q vi essa maravilha de texto conversado é que reparei - como se já não soubesse- o quanto tem de vc em mim e vice-versa!!!

    Você escre : "No meu tempo" e eu escrevo: "Tempo de criança"; vc conversa com o Mário e eu com o Vinicíus rsrs.

    Agora, estamos fadadas a reencontrarmo-nos em outras espirais do tempo e espaço ;D

    Quanta Poesia tem seu texto...mas partindo dessa q vos fala é pura redundância.

    Sim, eu lembro dos desenhos animados da infância; mainha pra variar tb me "castigava" nos coquis e rabos de cavalo rsrs. Que bom que superamos essa fase péssima rsrs.

    Lembranças minha ao Mário. Mais uma coisa redundante: Eu Te Amo.

    Bjão Boneca ;D

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  2. Pelo jeito tá fazendo ótimo uso do livro! Quem bom que vocês falam a mesma lingua hein;)

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