quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um Anjo no Meu Jardim


Ela chega todas as manhãs, trazendo seus lápis de cor, e bloquinhos. Senta a sombra de um Ipê e pára um momento pra observar o bailar das Borboletas. Ela aprecia demais as Borboletas, eu que fico de longe olhando, tenho a impressão que é por conta do colorido exuberante. Ela passa horas, desenhando e sorrindo, uma característica, que com certeza deve ter sido herdada da mãe; possui cor de jambo, com certeza dessa vez herdada do pai; os cabelinhos de anjo, no entanto, lembram-me o movimento da vida, tudo cíclico e sinuoso. Sim, ela também herdou do avô, dos pais, da tia e dos primos-tios a verve literária, pois sempre está inventando histórias e fazendo poesias. É ímpar o jeito dela admirar a natureza, parece mesmo que conversa com seus elementos e chega a impressionar, como a natureza a entende e atende. Se ela quer ventania, basta fazer sinais com seus cabelinhos esvoaçante de anjo e, plish o vento chega a formar redemoinhos; se ela quer música, é só fazer hsisr e logo terá uma comitiva de pássaros, gafanhotos e outros bichos para atendê-la. Ela sempre sorri pra mim e acena de longe, mas o mundo dela é tão particular que eu acho melhor retribuir o aceno e soltar um leve beijo, nunca gostaria de atrapalhar um momento tão mágico. No final da tarde, depois de despedir-se daquele mundinho de sonho, ela volta a acenar e sorrir, e faz um movimento com os cabelos, que me faz ter certeza que amanhã, ela voltará como em um sonho. Seu nome? Antônia.
Adélia, fazendo planos e esperando a Antônia ;*



Postado por Adelia Campelo às 6:23 PM

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Fábulas

Este texto é parte de uma conversa que tive no MSN e guardei... Foi escrito enquanto o destinatário realizava uma outra tarefa...

E foi mais ou menos assim:

Fábia Adriana diz:
ta, qd vc voltar vc lê:

Era uma vez...
um leão muito bravo que atacava todo mundo que chegava perto. Ninguém fazia carinho ou ficava perto do animal. Os donos do circo já haviam perdido as contas de quantos domadores haviam se machucado por causa do leão. Apenas um domador, o mais franco deles, continuava a alimentar o animal. O certo é que o leão foi ficando cada vez mais sozinho e sozinho, doente e doente, até que, sem forças pra lutar, se entregou à morte.
Em seu ultimo suspiro, vendo a tristeza que sua morte causava naquele fraco domador, estendeu a ele sua pata traseira, mostrando um enorme espinho que o machucava a cada pisada, dia após dia. Vendo aquilo, o domador, apesar do medo, entrou na jaula conseguiu chegar perto do animal inerte.
Todos pararam o que faziam pra ver a cena. Com as mãos e braços machucados pelo próprio leão, o domador não tinha como usá-las. Arrancou o espinho com a boca.

Fábia Adriana diz:
você faria o mesmo????
Fábia Adriana diz:
então pq teima em ser o leão???????
Fábia Adriana diz:
fabula adaptada por esta boneca que vos escreve
Fábia Adriana diz:
o final é por sua conta

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Às meninas com alma de borboleta



E foi assim, pulando a janela da sala, no finalzinho da tarde, que ela deixou para trás os sonhos que não teve, o homem que não amava e a vida que não queria. Saiu sem levar uma muda de roupa ou um pedaço de pão. Nada que pudesse denunciar a sua falta ou lembra-la de tudo que acabava de deixar.

Na moça, nem um traço de beleza sequer: cabelos russos, unhas quebradas, boca rachada e olhos tão frios que contrastavam com o calor da região e era magra, horripilantemente magra. Aos treze, tinha a pele torrada de sol e mãos sofridas da lida, certeza única de cada dia. Aos quinze sonhou ser borboleta e querer pra vida um pouco além dos fétidos baldes de roupa e das botas sujas de merda.

Naquele mesmo dia saiu sem olhar para trás e assim seguiu por toda a sua jornada. Sem dinheiro, sem roupa, sem sapato, vestida apenas em xitas, suas asas coloridas. Saiu sem saber para onde iria.

Enquanto andava, lembrava o cheiro das ruas de sua pequena cidade. Depois de casada já não pisava por lá nem mesmo em dia de missa. Pelo caminho catava pedrinhas brilhantes e relembrava seus sonhos de criança: os vestidos floridos, as festas, o mar... tudo lhe fora arrancado por um casamento arranjado e por um homem infeliz que nem um filho era capaz de lhe dar.

Não sentia tristeza sem saudade, muitos menos arrependimento. Em pleno vôo, dançava, cantava e levantava poeira na estrada enquanto enchia seus bolsos pedras e a cabeça de sonhos que catava pelo chão.

E foi assim, com a as mãos cheias de pedras e a cabeça cheia de sonhos que o caminhão a encontrou, bem na curva, pouco antes da entrada da cidade, onde hoje esta fincada uma cruz, servindo de aviso às mocinhas com alma de borboleta. E estas, por crendice ou por teimosia, costumam depositar seus sonhos, feitos pedra, ao pé da cruz, na curva, hoje curva da borboleta.

Não sei se é verdade, mas contam que o fato aconteceu mais ou menos por essa época, no carnaval de 36.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Canções que me fazem pensar

A Lista
Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você já desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Dias de chuva

Adoro dias de chuva. Adoro acordar ouvindo os pingos nas folhas das árvores. Em dias assim nada me faz mais feliz que ficar deitada na minha caminha, coberta por um edredom bem macio e acreditar que tudo está perfeito.

Adoro o cheiro de chuva, adoro o cheiro de terra molhada, gosto de ver os carros passando pelas poças de água, molhando as plantas que estão nos canteiros. Gosto de sentir a chuva em meus cabelos, gosto de sentir a roupa colando no corpo.

Dias assim me fazem lembrar dos tempos que acordava bem cedo com o barulho das pedrinhas de granizo no telhado; tempos que para ir a escola vestia uns três ou quatro conjuntos por baixo do moletom e mal conseguia ver dois passos a frente, tão densa era a neblina.

Ainda sinto falta das luvinhas coloridas, das botinhas de salto, das bochechas rosadas e dos narizes vermelhos de minhas amigas branquinhas, todas bem mais que eu...

Sinto falta dos abraços calorosos e dos beijos gelados que ganhava de todos, na tentativa de diminuir a diferença térmica dentro e fora de um coração saudoso do calor de sua terra. Sentia então, falta do calor de Teresina.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Traduzindo Para Machos...

TPM

Treinada Para Matar
To Pra Morder
Te Passo a Mão
To Precisando Maltratar

Sabe aquela história de que “só o dono da dor sabe como dói”? Pois é, TPM é assim. Acho que faço muito em avisar a todos que estão próximos a mim nesta época e, conseqüentemente, correndo risco de vida, do meu “estado de espírito”.
Dia desses alertei meu amigo que trabalha comigo dos riscos que ele corria se continuasse a me sacanear. Como ele ignorou os dois primeiros avisos, eu saí com essa:
- Olha aqui, se você continuar a me encher ou só vou poder garantir que, ao final do expediente, EU sairei viva daqui!
Algumas pessoas que ouviram acharam que eu estava exagerando... Imagina! Eu só tava querendo ser legal e fazer graça com a situação, JURO!!!!!


To Parecendo Manteiga
Trabalhada Para Mártir
Tudo Parece Maldade

Tratada Por Monstros

Por outro lado, que para os outros é melhor e para mim é o maior dos martírios, às vezes eu ficou triiiiiiiiiste, mais triiiiiiiiste de doer. Parece que o mundo inteiro tem como meta diária me fazer chorar.
Não que eu seja o umbigo do mundo, mas as músicas no rádio, os filmes tristinhos de cachorros que morrem no final... Ai meu Deus! Tudo acontece pra me fazer chorar!
O mais impressionante é que todo que a gente quer é sentar em frente a um prato de brigadeiro e ficar quietinha, mas é ai que você se depara com toda a força do universo trazendo você para o centro do mundo.

O fato é que se eu matar alguém nessa época, tenho atenuante, já que posso comprovar, com a ajuda de minha ginecologista, que vez ou outra sofro deste mal, portanto, até segunda ordem:

DANGER

KEEP OUT

PERIGO

MANTENHA DISTÂNCIA

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

As primeiras palavras

Diga
Marisa Monte
Composição: Manoelito Nunes


Quando eu lhe falar, meu grande amor
De toda essa falta que você me faz
Não, me diga nada, por favor
Que venha me fazer sofrer ainda mais
Eu pensei que o mundo era todo meu
Mesmo sem você, eu entendo agora
Que eu me perdi ao perder você
E o mundo que era meu, eu joguei fora
Diga que entre nós não mudou nada
Que a minha estrada é a sua estrada
Que os meus sonhos (bis)
São os sonhos seus
Diga que tudo está do mesmo jeito
Que ainda existe no seu peito
Aquele mesmo coração
Que nunca me esqueceu.